segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PER - DEBATE EM QUIXERAMOBIM (CE)

No Módulo Técnico 4 - INSTITUIÇÕES DA AGROPECUÁRIA - O Comitê de Apoio, com a intermediação do SEBRAE, viabilizou as presenças das seguintes lideranças do município: PREFEITO MUNICIPAL, Dr. Edmilson; Secretário de Agricultura do Município, Dr.François Saldanha; Presidente da EMATERCE, Dr. José Maria Pimenta; Diretor da Faculdade de Agronegócios, Dr. José Simão; Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Dr. Mauro Ricarte; Presidente da Associação dos Criadores, Sr. Carlos Elói, Gerente Local do BNB, Dr. Helder, Representante do SEBRAE, Dr. Yomar.

Tais lideranças interagiram com os participantes do PER, relatando os PROGRAMAS desenvolvido por seus Orgãos no município de Quixeramobim.

Resultantes dos debates empreendidos, foram obtidas as seguintes conquistas para os alunos do CURSO DE AGRONEGÓCIOS, que estão participando da turma do PER em Quixeramobim (CE) : Compromisso do Sr Prefeito Municipal no sentido de viabilizar 10 bolsas de pesquisa, cada uma no valor de ½ salário mínimo, além de se comprometer em ceder transporte dos alunos em aulas práticas no município, na Fazenda Normal do Governo do Estado; O Sr. Presidente da EMATERCE, assegurou a cessão de 8 bolsas de pesquisas dirigidas, a serem realizadas na Fazenda da Faculdade de Agronegocios, bem como colocou à disposição dos alunos da Faculdade de Agronegocios, máquinas e equipamentos da Fazenda Normal para a realização de aulas práticas. Competirá ao Diretor da Faculdade de Agronegócios, orientar os alunos sobre o encaminhamento desses assuntos.

ESQUEMA PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO-PER

ESQUEMA PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

1) APRESENTAÇÃO (resumo da situação da propriedade) E HISTÓRIA DA PROPRIEDADE;
2) MAPAS (mapa de uso do solo, mapa classe do solo);
3) DESCRIÇÃO DOS CAPITAIS (Natural, Físico, Financeiro,Humano e Social);
4) DEPRECIAÇÃO E VALOR APÓS “X” ANOS (Tabela contendo: valor atual, vida útil total, % ano depreciação, vida útil restante, valor sucata, depreciação anual e valor no ano V).
5) FLUXO DE CAIXA DO DIAGNÓSTICO;
6) CÁLCULO DO VALOR PRESENTE (VP),VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) E TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR);
7) ANÁLISE FINANCEIRA;
8) RATEIO/RENTABILIDADE DAS ATIVIDADES AGROPECUARIAS;
9) ANÁLISE FOFA (Pontos Fracos, Pontos Fortes, Oportunidades e Ameaças);
10) PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E OPERACIONAL(Missão, Objetivos Gerais, Estratégias e Metas);
11) PROJETO ESCOLHIDO (Nome do Projeto escolhido/Metas do Projeto/Problemas Previstos na Implantação, Mão-de-Obra, etc)
12) ESTUDO DE MERCADO DO PROJETO SUGERIDO (PRODUTOS E FATORES):
. Estudo de Mercado de Produtos, montar uma tabela com os seguintes itens: Atividade, Para quem é possível vender ?, Quanto é possível vender? Por Quanto é possível vender ? Como este Mercado Funciona?

. Estudo de Mercado de Fatores, montar uma tabela com os seguintes itens: Atividade, De quem é possível comprar? Quanto é possível comprar ? Por quanto é possível comprar ? Como este mercado funciona ?


13) DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS A SEREM ADOTADAS NO PROJETO ESCOLHIDO;
14) DESCRIÇÃO DOS INVESTIMENTOS DO PROJETO ESCOLHIDO;
15) DEPRECIAÇÃO: Depreciação (considerando o novo projeto): Tabela de Depreciação, contendo:valor atual, vida útil total, % ano depreciação, vida útil restante, valor sucata, depreciação anual e valor no ano V.
16) FLUXO DE CAIXA COM O PROJETO (saldo incremental);
17) CÁLCULO DO VALOR PRESENTE(VP) E VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) E DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) COM O PROJETO;
18) ANÁLISE DE SENSIBILIDADE;
19) AVALIAÇÃO FINANCEIRA
20) AVALIAÇÕES : AMBIENTAL,POLITICA E SOCIAL;
21) MATRIZ DA ESTRUTURA LÓGICA – MEL;
22) CONCLUSÕES.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

AULA INAUGURAL - CENAS - PER SERTÃO CENTRAL

PRINCIPAIS GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS (3)


PRINCIPAIS GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS (2)


PRINCIPAIS GRAMINEAS FORRAGEIRAS


PRINCIPAIS LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS


PRINCIPAIS LAVOURAS PERENES DO NE


PRINCIPAIS LAVOURAS TEMPORÁRIAS-NE


OS 10 MANDAMENTOS DO PRODUTOR RURAL


CEARÁ: FITOECOLOGIA


CEARÁ: TEMPERATURAS


CEARÁ: TIPOS CLIMÁTICOS


CEARÁ: MICRORREGIÕES GEOGRÁFICAS


CEARÁ: LIMITES DE DIVISÕES


DADOS BÁSICOS: QUIXERAMOBIM (CE)


DADOS BÁSICOS: QUIXADÁ (CE)


DADOS BÁSICOS: BANABUIU (CE)


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Aula Inaugural: Quixeramobim (CE)


Aula Inaugural-Banabuiu(CE): Dr.Ernando-Presidente Sindicato dos Produtores Rurais, Dr.Anizio/SENAR e Dr.Iomar/Escritório Regional do Sebrae


Aula inaugural:Tarcisio -Gerente BB em Quixadá, Dr.Anizio/Senar-Ce e Fausto - Presidente Sindicato dos Produtores Rurais de Quixadá


CÁLCULO DA DEPRECIAÇÃO

Exemplo:
Casa sede, de alvenaria, 3 quartos (1 suíte), banheiro, alpendre, cozinha.
Vida útil total = 50 anos
Valor atual: R$ 40.000,00
Vida útil restante: 10 anos


CÁLCULO DO VALOR DE SUCATA

I - VALOR DE SUCATA



VIDA UTIL TOTAL
50 anos


% DEPRECIAÇÃO ANO
100%/50
2%
% VIDA UTIL RESTANTE
10 x 2 =20%

VALOR DE SUCATA
20% DE 40.000 =8.000



CÁLCULO DA DEPRECIAÇÃO


Da = Valor atual – Valor de Sucata
------------------------------
Vida útil restante

Valor de Sucata (ou residual: R$ 8.000,00)

Da = 40000 – 8.000
----------------
10
Da = 32.000
---------
10

Da = 3.200,00 / ano

Valor após 5 anos

Vapós 5 anos = Valor atual – (nº anos x Da)

Vapós 5 anos = 40.000 – (5 x 3.200)

Vapós 5 anos = 40.000 – 16.000

Vapós 5 anos = 24.000,00

SUBSIDIOS TECNICOS (I) ELABORAÇÃO PROJETO

SUBSÍDIOS TECNICOS (I) – ELABORAÇÃO PROJETO

Este conteúdo tem objetivo auxiliar os participantes do Programa Empreendedor Rural a realizarem uma análise econômica e financeira da situação atual de sua empresa e a elaborarem projetos de investimentos de capital, visando a sua melhoria e sustentabilidade. O texto está organizado em duas partes, além desta introdução. A primeira traz informações para que o participante do programa elabore uma descrição sobre a situação da sua empresa e o plano estratégico. A segunda o auxilia na elaboração de um plano de negócios, contendo elementos sobre o estudo de mercado, engenharia do projeto e avaliações.

A elaboração e avaliação de um projeto têm cinco fases: a primeira é o diagnóstico (ou inventário) da empresa/instituição. Nesta fase, são descritos os estoques dos capitais – natural, físico, humano, financeiro e social ou institucional – sob os quais a empresa/instituição tem controle. Ainda nesta fase deve ser analisada a contribuição de cada atividade atualmente desenvolvida para os objetivos da empresa/instituição bem como sua viabilidade de longo prazo. A segunda é o planejamento estratégico que contempla a identificação dos atuais pontos fortes e fracos da empresa/instituição, de suas potenciais ameaças e oportunidades, além da identificação da missão e dos objetivos gerais da empresa, de suas estratégias, políticas e valores e de suas metas de curto prazo, que, em conjunto, contribuem para a identificação de projetos que visam a melhoria de seus resultados.
A terceira fase é o estudo de mercado. Aqui, são estudados, tanto os mercados dos produtos (bens ou serviços), quanto dos insumos ou fatores de produção que são necessários ao processo produtivo da instituição. Essa fase serve para explicitar o nicho de mercado que deverá ser atendido e para determinar que qualidades e quantidades deverão ser produzidas para atendê-lo minimamente. A quarta fase é a engenharia do projeto. Nesta, são descritas e apresentadas as tecnologias escolhidas e seus cronogramas de uso e produção. Esta fase termina com um quadro consolidado das entradas e saidas previstas no horizonte temporal julgado conveniente e as respectivas receitas líquidas. A quinta fase da elaboração do projeto contempla as avaliações, que correspondem as análises econômicas, financeira, ambiental, social e política pelas quais todo projeto deve passar para ter sua implementação iniciada.

Projetos podem ser de dois tipos: de nova(s) atividade(s) ou incrementais. Os projetos de nova(s) atividade(s) contemplam a análise de uma nova produção de bens ou serviços na empresa ou instituição, enquanto um projeto incremental se refere a mudanças em alguma atividade existente. Esta diferença é fundamental na análise de projetos, tendo enorme influência na formação dos fluxos de caixa. Projetos de investimento de capital tratam do aumento de um ou mais estoque(s) de capital pela empresa/instituição, visando aumentar sua produção de bens e/ou serviços em períodos subseqüentes ao do investimento. Ao aumento desses estoques de capitais dá-se o nome de investimento. Portanto, o investimento pode ser feito no aumento dos estoques de capital físico, financeiro, natural e humano, que são bens privados ou que podem ser controlados pela empresa/instituição. Ha um quinto tipo de estoque de capital – o capital social – que tem características de bem público. Por ser público, seu uso por alguém (por alguma empresa/instituição) não limita seu uso por outrem. No entanto, o crescimento do estoque de capital social requer investimentos como qualquer outro capital e, por sua importância para as comunidades, os governos têm um papel fundamental no investimento para aumentar seus estoques. No caso de associações ou cooperativas, muitas vezes temos que elaborar projetos de investimento para aumentar o capital social da instituição (um reflexo do capital social da comunidade à qual seus sócios pertecem), embora a mensuração dos benefícios para a instituição seja um pouco mais difícil de avaliar, pois muitas vezes depende de medidas indiretas.

O diagnóstico ou inventário da empresa é a primeira fase da elaboração de um projeto. Ele é composto de três partes: (a) a descrição dos estoques de capitais ou dos fatores primários de produção que a empresa/instituição controla ou possui; (b) viabilidade de longo prazo da instituição – que contempla uma análise econômica e outra financeira, e indicam se a empresa/instituição tem viabilidade no longo prazo; e (c) a contribuição das atividades para a viabilidade de longo prazo da empresa, que identifica a(s) atividade(s) que contribuem mais ou positivamente para o resultado econômico e aquela(s) que contribuem menos ou negativamente para o resultado. O diagnóstico corresponde a um retrato atual da empresa, independente do que se pretende com o plano de negócios, ou projeto propriamente ditos. Por isso, sua utilidade na elaboração do planejamento estratégico da empresa. De fato, o planejamento estratégico inicia-se com a análise dos ambientes interno e externo da empresa/instituição que requer todos os dados do diagnóstico.

Na descrição dos recursos ou estoques dos capitais da empresa/instituição, pode-se começar pelos capitais naturais ou recursos naturais, que contempla informações sobre o uso atual e a capacidade de uso dos solos, informações sobre a hidrografia e o clima, limitações legais que possam existir ao uso dos recursos naturais, além da valoração monetária dos recursos naturais. Também os capitais físicos, tais como construções, benfeitorias, máquinas, equipamentos e utensílios devem ser completamente descritos, inclusive com a valorização monetária desses ativos.

O capital financeiro deve ser descrito da forma mais completa possível. Os empresários normalmente têm resistências a fornecer esses dados, mesmo quando o projeto vem de encontro a seus manifestados interesses. No entanto, a boa qualidade desses dados é fundamental para a análise da capacidade de pagamento da empresa ou para mostrar a capacidade que a empresa ou instituição tem na mobilização dos recursos necessários à implantação do projeto (que é uma parte fundamental da fase das avaliações). Neste item, é preciso descrever a disponibilidade de capital de giro atual da empresa, os limites de crédito que lhe oferta o sistema financeiro/bancário e as dívidas e créditos a receber e a pagar. Também devem ser descritos e avaliados os estoques de produtos acabados e de insumos usados nos processos produtivos da empresa/instituição; eles podem ser considerados como capital financeiro já que correspondem, em geral, a itens de alta liquidez ou de fácil conversão a valores monetários. Nos casos onde o sistema contábil está atualizado a valores de mercado pode-se usar os balanços patrimoniais da empresa/instituição para avaliar esses ativos. Caso contrário deve-se realizar uma avaliação dos passivos e dos ativos controlados ou possuidos pela instituição.

O estoque de capital humano da empresa ou instituição é um dos seus mais importantes ativos, embora tradicionalmente não tenha sido explicitamente considerado nos projetos de investimento de capitais. De fato, esta é uma das maiores falhas na elaboração de projetos. Nesta parte do diagnóstico é preciso indicar a disponibilidade de tempo de cada indivíduo bem como a qualidade de seu trabalho. Existe uma alta correlação entre a educação formal e a capacidade do trabalho executado pelas pessoas. Por isso pode-se usar o grau de educação formal como “proxy” para a qualidade do recurso humano. Esta qualidade, bem como a quantidade de trabalho que pode ser executada pelas pessoas, depende, também, da saúde e da qualidade e quantidade dos serviços disponíveis à população para manter a saúde. Também um importante tipo de educação não-formal é dado pelo acesso das famílias às diversas fontes de informação providas pelos meios de comunicação, pela mídia em geral e pelas oportunidades de treinamento disponíveis para as pessoas. Aspectos culturais associados ao desenvolvimento de valores éticos nas pessoas também influenciam a qualidade dos recursos humanos. Finalmente, a vontade de vencer e a disposição ao trabalho, associado à possibilidade de aquisição de mais fatores de produção, são importantes determinantes na qualidade dos recursos humanos de uma instituição/empresa.

O capital social, por sua vez, tem características de bem público, ou seja, seu uso por alguém não impede seu por outrem. O capital social de uma instituição é, muitas vezes, reflexo do capital social da comunidade a qual seus membros pertencem. O capital social pode ser representado, por exemplo: (a) pelo grau de confiança entre as pessoas; (b) pelo grau de civismo das pessoas; e (c) pela disposição das pessoas ao convívio e ao trabalho em grupo. É importante ressaltar que o crescimento do estoque de capital social de uma empresa ou instituição depende de investimento como qualquer outro capital.

A análise das rentabilidades/eficiências da empresa ou instituição deve ser feita inicialmente para a empresa como um todo e depois de forma desagregada, por atividade. A análise por atividade apresenta problemas na divisão entre elas de alguns custos da empresa/instituição que não são diretamente alocáveis a atividades especifícas. O valor de seu serviço precisa ser distribuido entre as atividades através do uso de algum critério arbitrário de atribuição de custos (chamados de critérios de rateio). Quando se analisam as atividades em seu conjunto, o problema desaparece e a viabilidade econômica de longo prazo (quando todos os fatores de produção podem variar) pode ser facilmente calculada. Estes cálculos de rentabilidade e de viabilidade de longo prazo serão de inestimável utilidade na hora de estimar taxas de retorno aos investimentos bem como a capacidade de pagamento das empresas ou instituições.

O estudo do mercado envolve tanto o produto ou serviço a ser produzido quanto os fatores de produção necessários a este processo produtivo. Nesta parte do projeto é freqüente a necessidade de realização de pesquisas diretas junto a fornecedores e clientes potenciais. No estudo dos mercados de fatores busca-se: (a) identificar a disponibilidade dos bens e serviços demandados pelo projeto; (b) identificar os canais de comercialização existentes; e (c) analisar o comportamento dos preços dos fatores, especialmente quanto à tendência e estacionalidade e qualquer outra informação que permita estimar os preços esperados destes fatores no horizonte do projeto.

O estudo dos mercados dos produtos e serviços a serem gerados pelo projeto envolve uma descrição genérica do produto ou serviço e do seu mercado com o objetivo de: (a) identificar o segmento deste mercado onde o produto será comercializado, inclusive destacando o grupo de consumidores relevante (b) identificar os canais de comercialização existentes; (c) analisar as diferentes qualidades do produto ou serviço e os padrões existentes de classificação; (d) identificar as exigências do segmento consumidor quanto às quantidades desejadas e a periodicidade das compras dos produtos ou uso dos serviços; (e) analisar o padrão de concorrência existente e as relações dos bens e serviços a serem produzidos, com seus produtos substitutos e complementares; e (f) analisar o comportamento dos preços e quantidades comercializadas do produto ou serviço, especialmente quanto à tendência e estacionalidade, e qualquer outra informação que permita estimar os preços esperados dos produtos ou serviços no horizonte do projeto.

A engenharia do projeto define por um lado o que, como, quando e quanto será produzido de bens e serviços, e, por outro, define o que, como, quando e quanto de cada recurso será necessário para gerar esta produção. Em linhas gerais, a engenharia do projeto descreve, de forma completa, a tecnologia proposta ou o sistema de produção e quantifica fisicamente o uso dos fatores de produção ou recursos e a produção esperada do bem ou serviço. Relaciona os itens a serem adquiridos, construídos, operações e atividades a serem realizadas. A necessidade de fatores e a produção a ser gerada são dimensionadas no tempo, através de cronogramas físicos e financeiros. Nesta fase são gerados ou elaborados os orçamentos de receitas, de investimento e de despesas do projeto.

O estudo do mercado combinado à engenharia do projeto permite gerar o fluxo de caixa do projeto que contém os valores do investimento, e das receitas e despesas no tempo e, finalmente, do saldo ou entradas líquidas do projeto no horizonte considerado. As análises de viabilidade econômica são realizadas a partir dos valores do fluxo de caixa do projeto, através de diversos critérios, mas o mais importante é o valor presente líquido (VPL) que mede a rentabilidade absoluta do projeto considerando o fluxo de caixa descontado a uma taxa de juros relevante.

A viabilidade financeira consiste em identificar se os saldos líquidos acumulados do projeto são positivos ao longo do tempo e suficientes, inclusive, para o pagamento de financiamentos, quando existirem. As demais viabilidades, a ambiental, política, social e legal do projeto, consistem em verificar se o mesmo atende aos diversos requisitos impostos pela sociedade. A viabilidade ambiental consiste na sustentabilidade dos recursos naturais envolvidos direta e indiretamente no projeto. Os aspectos sociais e políticos podem inviabilizar o projeto quando há interesses, costumes e valores conflitantes com grupos da sociedade, provocando reações contrárias à sua implantação ou execução. Por fim, a viabilidade legal é obtida quando o projeto atende a legislação em vigor.

Além das fases do diagnóstico, planejamento estratégico, estudo do mercado, engenharia do projeto e avaliações o projeto deve conter um resumo e anexos, quando endereçado a terceiros. O resumo pode conter: a identificação do proponente, o tipo de empreendimento, o montante de financiamento requerido ou pretendido (recursos próprios ou de terceiros), o plano de liberações e amortizações, os resultados e índices econômicos esperados e outras informações relevantes sobre o projeto. Os anexos de um projeto podem conter: a memória de cálculo de cada elemento do fluxo de caixa, os dados estatísticos utilizados, os modelos teóricos utilizados, mapas, plantas, garantias, contratos, estatutos, certidões, declarações e demais documentos e informações utilizadas na sua elaboração ou exigidas pelas instituições parceiras ou financiadoras quando for o caso.

I. DIAGNÓSTICO DA EMPRESA

O Diagnóstico da empresa é composto de três partes: (i) a descrição dos capitais que a empresa controla; (ii) a análise das viabilidades econômica de longo prazo e financeira da empresa; e, (iii) a decomposição da contribuição de cada atividade que compõe o portfólio da empresa para sua rentabilidade econômica. O diagnóstico fornece, portanto, um retrato da situação atual da empresa. Este retrato é fundamental para a elaboração do plano estratégico, que definirá os planos de negócios que compõem a segunda parte do livro. Antes de começar a descrição dos capitais é necessário esclarecer o conceito de empresa utilizado no livro. Empresa é um conjunto de estoques de capitais controlados por uma entidade – uma pessoa, uma família ou uma pessoa jurídica – que transforma insumos comprados de outras empresas em produtos ou serviços a serem comercializados nos mercados ou, em alguns casos, consumidos pelos recursos humanos da empresa. Esta definição ampla abriga desde pequenas propriedades familiares com maior ou nenhum grau de produção para a própria subsistência, inclusive o caso de famílias de parceiros que trabalham em terras arrendadas, até as maiores empresas organizadas como sociedade anônima ou sociedade por cotas limitadas.
Com a empresa vista como um conjunto de estoques de capitais, o empresário é definido como o indivíduo que assume os riscos decorrentes da organização daqueles estoques para o processo produtivo. Infelizmente ainda não se conseguiu desenvolver processos produtivos onde as condições dos mercados, tanto dos insumos quanto dos produtos e serviços produzidos bem como os próprios processos tecnológicos utilizados na produção, fossem perfeitamente previsíveis. Esta incapacidade de previsão total caracteriza o risco que está associado com qualquer ato empresarial e necessita, portanto, que alguém assuma a correspondente responsabilidade. Por isso, e só por isso, as economias necessitam de empresários. Notem que eles não podem ser substituídos por funcionários, uma vez que estes não assumem os riscos do negócio. Se eles são necessários é preciso que recebam um pagamento. O pagamento ao recurso empresarial é chamado de lucro. Como o lucro é a remuneração ao risco incorrido ele necessita, por essa razão, ter dois sinais: pode ser negativo, quando há prejuízo ou positivo, quando há lucro propriamente dito. Nas economias de mercado a procura pelo maior lucro possível, dentro de regras estabelecidas pelas sociedades, dá o sentido da atuação do empresário. Deve-se notar que o maior lucro possível não é, necessariamente, definido como o maior lucro de curto prazo. As exigências de sustentabilidade dos negócios servem para redefinir os objetivos das empresas, incorporando o próprio risco como variável nesses objetivos.
Cada estoque de capital controlado pela empresa precisa ser remunerado no processo produtivo: (i) o capital humano é remunerado com os salários e com o pro-labore do empresário à medida que ele trabalha efetivamente na empresa; (ii) o capital natural recebe um arrendamento, ou aluguel; (iii) os capitais físicos e financeiros são remunerados com juros; e (iv) o capital empresarial é remunerado com os lucros. Uma maneira correta de entender porque cada capital precisa ser remunerado nos processos produtivos é sugerida por Eliseu Alves. Imagine um empresário que só tem sua competência empresarial e sua força de trabalho. Ele decide montar uma empresa agropecuária utilizando, basicamente, recursos de terceiros: (a) arrenda a terra para produzir nela; (b) aluga os serviços de máquinas, equipamentos e outros itens de capital físico ou empresta recursos de longo prazo para adquiri-los e paga o principal mais os juros; (c) toma dinheiro emprestado para o giro das atividades – compra de insumos, pagamento de salários, impostos, etc – e paga juros e o principal ao emprestador; e (d) fica com o resíduo, depois de pagar todos aqueles custos. O resíduo é o lucro ou a remuneração do empresário. Assim, não há por que não pagar a todos os fatores de produção, ou itens de capitais, a remuneração devida, mesmo quando os estoques dos capitais pertencem ao próprio empresário para definir o que sobrou como lucro.
Uma característica fundamental dos mercados é seu grau de impessoalidade. Eles são implacáveis quanto ao cumprimento de suas regras e impõem a correspondente penalização àqueles que não as cumprem. Quando se decide produzir algum produto ou serviço sem conhecer a eficiência dos processos utilizados e as condições de oferta e procura dos mercados, as chances da empresa incorrer em prejuízos aumentam e a probabilidade de sua falência fica maior. O grande número de novas empresas que são abertas, ou iniciadas, em cada ano e logo são fechadas é a principal evidência que dá suporte à afirmação da impessoalidade dos mercados. Este livro ajuda os empresários a aumentar seu conhecimento sobre a situação atual da empresa e a analisar as chances de sucesso de iniciativas que eles pensam implantar. Para isso, é necessário conhecer bem o seu negócio.

I.1 Descrição dos estoques de capitais da empresa
As empresas controlam os estoques de quatro capitais: (i) capital natural; (ii) capital físico; (iii) capital financeiro; e (iv) capital humano. Existe outro estoque importante nos processos produtivos chamado de capital social ou institucional. Este, no entanto, não é um estoque passível de apropriação pela empresa, por ser um bem público. O bem público é aquele cujo consumo ou uso por alguém não reduz os seus estoques ou disponibilidade para ser usado ou consumido por outros. O capital social ou institucional pode e deve ser descrito, embora sua avaliação econômica seja complicada, para possibilitar o planejamento estratégico da empresa. Como cada um dos estoques dos quatro capitais mencionados deverá ser descrito no diagnóstico será apresentado a seguir.

I.1.1 O estoque de capital natural
As atividades do agronegócio caracterizam-se por ter um elo importante, a agropecuária, cujo processo produtivo se dá em cima do solo ou na água e é, conseqüentemente, muito influenciado pelas condições climáticas prevalecentes. O solo, com sua riqueza mineral e biológica, a água, as condições pluviométricas e do clima em geral são parte deste estoque de capital. Quando se tratar de uma empresa produtora de fertilizantes, de cerâmica e etc, a descrição do capital natural é, também, fundamental. Deve ser lembrado que os estoques de capital natural foram dados ao homem pela natureza e que as exigências de sustentabilidade das atividades só serão satisfeitas se os processos produtivos não agredirem esses recursos de forma que sua reversão seja impossível.
Em geral, nas empresas agropecuárias, a descrição do capital natural é feita, inicialmente, com dois mapas: um de uso atual dos solos e outro de capacidade de uso dos solos. Quando a empresa não tem mapas topográficos de suas terras eles podem ser substituídos por croquis feitos pelo próprio empresário. O mapa de uso atual mostra a destinação atual de cada sub-área: pastagem, cultura perene ou temporária, área de reserva e a localização de estradas, cercas, cursos d’água, espelhos d’água e edificações. O mapa de capacidade de uso mostra a qualidade dos solos de cada sub-área. Esta qualidade pode ser mostrada por seu enquadramento nas classes I a VII de acordo com seu potencial agronômico ou pode ser indicada, simplesmente, por seu potencial de uso como feito pelos agricultores locais. Enquanto nas classes agronômicas leva-se em consideração a topografia, os componentes granulométricos do solo, a riqueza mineral, o teor de matéria orgânica, com os conseqüentes perigos de erosão, salinização, etc, os agricultores classificam os solos de forma mais simples, mas com os mesmos elementos sendo considerados. É fundamental indicar o grau de adequação da empresa às exigências legais quanto à exploração de recursos naturais. Existem riscos significativos associados ao não cumprimento da legislação sobre o uso e manejo de recursos naturais que, pelo menos, precisam ser conhecidos pelo empresário.
Além dos mapas de uso atual e de capacidade de uso dos solos, deve-se descrever, com o auxílio de quadros, a área de cada gleba (em hás, alqueires ou outras medidas de superfície) e valor unitário daquelas terras nuas. As pastagens e outras culturas que estejam atualmente cobrindo a gleba serão descritas nos itens relativos aos estoques de capitais físicos ou financeiros. Tanto nesta descrição quanto na de outros estoques de capitais é desejável ir indicando a apreciação do empresário sobre os pontos fortes e fracos correspondentes a cada item daquele estoque de capital. O clima da região – temperaturas, pluviosidade e sua concentração temporal, ventos e seus sentidos - deve ser descrito e apreciado em termos da adequação a ele das atividades atuais da empresa. Finalmente, deve ser indicada a percepção do empresário sobre as vantagens comparativas dos recursos naturais da empresa. De fato, a vantagem comparativa resulta da avaliação conjunta de todos os estoques de capitais da empresa; mas ela pode ser construída a partir da análise de cada estoque.

I.1.2 O estoque de capital físico
Capitais físicos são bens feitos pelo homem e que fornecem serviços produtivos por mais de um período. Estão nesta categoria as construções civis tais como edificações, estradas e barragens, as máquinas e equipamentos, as ferramentas e utensílios de trabalho que duram mais de um período, as culturas perenes e semi-perenes e os animais de trabalho e de reprodução. Devem ser descritos em quadros com indicações de sua dimensão, marca, quando for o caso, ano de fabricação, construção ou de implantação, estado de conservação, valor atual de mercado (note-se que não se trata de valor subjetivo ou de estimação) e a estimativa do empresário sobre a duração ou vida útil do bem se ele mantiver seu uso atual. Finalmente, é importante que o empresário estime o valor do bem no fim de sua vida útil. Esta vida útil não implica que o bem será descartado, ou vendido, como sucata, no fim do período. Ele pode ser reformado e ter, novamente, outro tempo de utilidade na atual ou em outra atividade. Trata-se, portanto, do período no qual o bem de capital pode continuar a ser utilizado, como atualmente, sem a necessidade de novo investimento nele para reformá-lo ou reconstruí-lo.
As culturas perenes e semi-perenes, inclusive as áreas reflorestadas, devem ser avaliadas por seu estado atual, área cultivada, estado de conservação, produtividade e capacidade de suporte no caso de pastagens, estimativa do estoque atual e ganho anual no caso de madeira cultivada, período de vida útil restante, valor de mercado, e valor no final da vida útil. De forma semelhante, os animais de reprodução e de trabalho (note que se enquadram na definição de capital físico) devem ser avaliados por sua raça, idade, peso, produtividade, estado geral de saúde e desenvolvimento, valor atual de mercado e tempo de vida útil restante. Além disso, devem ter seus valores de mercado estimados para quando terminar seu período de vida útil.

I.1.3 O estoque de capital financeiro
Neste item são considerados os estoques de recursos em moeda, as dívidas, obrigações e valores a receber da empresa e os estoques de produtos e insumos de maior liquidez ou passiveis de serem transformados em moeda. Sua descrição, em geral, é feita por meio de um quadro com indicações de saldos em caixa, depósitos a prazo e aplicações em títulos ou fundos, recebimentos diversos por vendas anteriores, dívidas a pagar, especialmente as de longo prazo, e outras obrigações contraídas. Algumas entradas no quadro requerem explicações que são apresentadas em notas de rodapé ou em texto explicativo. Às vezes é possível inferir sobre a situação financeira da empresa já a partir de elementos desta descrição, embora a análise mais aprofundada somente vá ser feita na segunda etapa do diagnóstico.
É preciso cuidado na apresentação dos estoques de capitais financeiros da empresa. Não devem ser colocados fluxos de entrada e/ou saída de recursos nesta descrição. A partir dela deve ser possível estimar quanto a empresa deve do investimento total requerido pelos estoques de capitais e quanto ela usa de recursos de terceiros. O capital de giro próprio da empresa encontra-se, em geral, em uma das três formas: (i) em caixa ou em depósitos no sistema bancário; (ii) em estoques de produtos para venda ou em culturas anuais implantadas; ou (iii) em outras aplicações de alta liquidez. Os dados descritos nesse item devem ser suficientes, também, para a avaliação das necessidades de capitais de giro de terceiros que a empresa utiliza.

I.1.4 O estoque de capital humano
O estoque de capital humano é, definitivamente, o mais importante estoque de capital de uma empresa, embora isto nem sempre seja reconhecido pelo empresário. De fato, uma definição de Administração, muito utilizada por pesquisadores e professores da Harvard Business School, diz que administrar “é conseguir que as pessoas façam as coisas”[1]. São pessoas que manejam os capitais da empresa nos processos em que ela se empenha seja na produção, na comercialização, no tratamento dos recursos humanos que utiliza ou nas finanças. Elas, portanto, filtram a capacidade de cada estoque de produzir serviços para a empresa. Por melhor que seja uma máquina, por mais avançada que seja a tecnologia nela embutida, seus serviços só serão executados de forma eficiente se os recursos humanos forem competentes no seu manejo.
Os estoques de capital humano de uma empresa são medidos por duas variáveis importantes: (a) pela competência e (b) pela saúde das pessoas que trabalham para ela. A competência, por sua vez, pode ser decomposta em três componentes: (i) o conhecimento das pessoas; (ii) sua habilidade em transformar o conhecimento em instrumento prático de uso nos processos produtivos; e (iii) na atitude das pessoas. Ter conhecimento sobre um processo qualquer é uma coisa, mas ter a habilidade de aplicá-lo na prática é outra. No sistema educacional brasileiro é comum faculdades que se limitam a mostrar ou apresentar conhecimentos aos estudantes sem se preocupar com o desenvolvimento das necessárias habilidades para que eles possam ser utilizados profissionalmente. Finalmente, a atitude das pessoas é determinante para o seu desempenho nas empresas. Indivíduos desmotivados, sem estímulos para avançar nas suas carreiras e, principalmente, sem criatividade ou iniciativas para resolver problemas que surgem tanto na rotina do trabalho quanto nas novas atividades, são pesos mortos nas empresas que acabam por levá-las a situações de baixa competitividade e, conseqüentemente, de baixos retornos.
Na descrição dos estoques de capital humano de uma empresa é necessário mostrar os conhecimentos das pessoas, suas habilidades, suas atitudes e a saúde de cada indivíduo que trabalha nela. Um bom indicador de conhecimento é dado pelo grau de educação formal das pessoas. Além disso, é necessário indicar qual é a remuneração atual de cada um, seu status trabalhista, sua idade e disponibilidade para realizar novas tarefas. Algumas destas informações podem ser condensadas em quadros; outras devem ser descritas literalmente, com riqueza de detalhes, para que esta apreciação possa mostrar o real valor deste importante estoque de capital.



[1] Have things done through people.